quinta-feira, 16 de junho de 2016

Lince-ibérico


Lince-ibérico:

Distribuição geográfica:

Também conhecido como liberne, gato-cravo e lobo-cerval, o lince-ibérico, cujo nome científico é Lynx pardinus, é um animal muito raro, endémico da Península Ibérica, isto é, existe apenas em Portugal e Espanha, e possui uma distribuição geográfica muito restrita. Em Espanha, actualmente apenas se conhecem duas áreas de reprodução, ambas na Andaluzia, nas regiões da Serra Morena Oriental e de Doñana. Dados recentes apontam ainda para a existência de alguns registos isolados de animais nos Montes de Toledo Oriental, no Sistema Central Ocidental e na Serra Morena Ocidental. Em Portugal, actualmente não se conhecem populações reprodutoras de lince-ibérico, mas a ocorrência de alguns registos esporádicos, alguns dos quais de animais provenientes de populações espanholas à procura de novos territórios (um dos últimos numa das áreas de intervenção deste projecto, na região de Moura / Barrancos, em 2010), tem trazido esperança e um novo alento aos esforços desenvolvidos para a conservação desta emblemática espécie. No total, estima-se que na natureza existam apenas cerca de 300 indivíduos adultos.

Morfologia:

O lince-ibérico é um carnívoro de médio porte – tem entre 50 a 70 cm de altura e 85 a 100 cm de comprimento, pesando de 9 a 10 Kg (fêmeas) ou de 12 a 14 Kg (machos). A sua pelagem castanho-amarelada com manchas negras permite-lhe uma excelente camuflagem por entre a vegetação da paisagem Mediterrânica e cada indivíduo tem um padrão de pelagem único, que o permite distinguir de todos os outros da sua espécie. As suas manchas podem assim ter forma e tamanho variável: os linces da população de Doñana, por exemplo, possuem manchas maiores e melhor contrastadas do que as dos linces da população da Serra Morena. 
Com membros muito robustos e quatro garras retrácteis em cada pata, o lince-ibérico consegue facilmente perseguir e capturar as suas ágeis presas – os membros posteriores, mais longos, permitem-lhe impulsionar o corpo a vários metros de altura, quando necessário, e com os membros anteriores, mais curtos e fortes, agarra a sua presa.
Entre elas estão os pêlos rígidos e negros em forma de pincel na extremidade das orelhas e a cauda bastante curta, com cerca de 14 cm de comprimento, e com a extremidade negra. Para além disso, o lince-ibérico possui ainda longos pêlos brancos e pretos no focinho que se assemelham a barbas e que crescem com o avançar da idade.

Ecologia:


O lince-ibérico é um carnívoro muito selectivo, não só em termos de alimentação mas também do tipo de paisagem onde vive, pois normalmente está associado a áreas de habitat tipicamente Mediterrânico.
Especialista em coelho-bravo, esta é a principal presa de que se alimenta, constituindo cerca de 80 a 100% da sua dieta. Contudo, o lince é bastante benéfico às populações de coelho-bravo, pois para além de manter as populações de coelho saudáveis (caça preferencialmente animais doentes, velhos ou debilitados), este super-predador afasta ou elimina outros carnívoros seus competidores, que, no seu conjunto, acabam por consumir mais presas do que o lince. Embora em muito menor percentagem, quando se proporciona, o lince-ibérico também se alimenta de outros animais, nomeadamente aves (como perdizes, pegas), pequenos mamíferos (como roedores, lebres) e crias ou juvenis de ungulados silvestres (como veados, gamos).
Em termos de habitat, o lince-ibérico necessita de paisagens mistas, com áreas de bosques e matagais densos, constituídos por azinheiras, sobreiros, medronheiros e matos altos, onde se possa abrigar e reproduzir, e áreas mais abertas, de clareira, que lhe permitam perseguir e capturar as suas presas. As galerias ripícolas junto às linhas de água são igualmente muito importantes, pois para além de proporcionarem abrigo e água, funcionam como corredores de passagem no mosaico de paisagens. De um modo geral, o lince-ibérico evita aproximar-se de áreas urbanizadas e extensos campos agrícolas ou plantações florestais.
O lince-ibérico é uma espécie territorial e tanto os machos como as fêmeas necessitam de grandes áreas de habitat adequado para sobreviverem. Os territórios dos machos são um pouco maiores, variando entre os 10 Km2 e os 17 Km2, e podem sobrepor-se aos territórios das fêmeas. A presença de outros carnívoros, como as raposas ou os sacarrabos, dentro dos seus territórios não é tolerada, entrando por vezes em confrontos que podem terminar com a morte do intruso.
Na natureza desconhece-se ao certo a longevidade que este felino consegue alcançar, estimando-se que possa variar entre os 10 e os 15 anos. Já em cativeiro estes animais podem atingir os 20 anos.





Reprodução:


Tal como muitos outros felinos, o lince-ibérico é uma espécie solitária. Os machos só procuram as fêmeas na época da reprodução, quando estas entram no cio, que normalmente acontece entre Janeiro e Fevereiro. Após o acasalamento, o macho regressa ao seu território, não tendo mais contacto com a fêmea nem quaisquer cuidados parentais com as suas crias. Por esta altura a fêmea procura uma toca em cavidades naturais, como o tronco oco de uma grande árvore ou uma zona rochosa, para ter as suas crias, numa área longe da perturbação humana e com alimento e água disponíveis na proximidade. Após dois meses de gestação (65 a 72 dias), nascem entre uma a quatro pequenas crias, sendo que na natureza o mais comum é nascerem três, das quais normalmente apenas sobrevivem duas. Aos dois meses de idade, as crias começam a sair da toca e a acompanhar a progenitora nas suas incursões pelo território, onde aprendem a caçar. Entre o primeiro e o segundo ano de vida, quando a progenitora volta a entrar na época do cio, os jovens linces iniciam, em geral, a dispersão, afastando-se para estabelecer o seu próprio território. Há porém registos de animais que permanecem durante a época de reprodução e exibem comportamentos de coesão familiar.





Mortalidade Induzida pelo Homem:


A informação disponível indica que um número significativo de linces foi deliberadamente morto por seres humanos. Abate intencional é um fenómeno que continua a ocorrer, bem como a utilização de laços e armadilhas. O impacte das estradas e consequente atropelamento é também uma importante causa de mortalidade.

Patologias:


A reduzida variabilidade genética das pequenas populações isoladas faz com que sejam bastante vulneráveis a doenças. Patologias como a leucemia felina, toxoplasmose e a tuberculose bovina constituem sérias ameaças à sobrevivência das populações.

                                  Fatores de Ameaça:

Destruição, degradação ou fragmentação de habitats, perseguição directa pelo homem (tanto por causa da pele, como por razões de medo ou segurança) e ainda pela escassez da sua principal presa natural, o coelho bravo.

                                               Fontes:





















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